Isolina Medeiros (Universidade dos Açores)

O Ensino Primário nas ilhas de S. Miguel e Terceira: dos ideais às práticas educativas nas primeiras décadas do século XX

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O debate pedagógico e a valorização atribuída à escola primária, no arquipélago dos Açores, durante as primeiras décadas do século XX, assumiram grande relevância nas sociedades micaelense e terceirense. A criação de diversas instituições pelos republicanos tais como, a Associação Século XX, a Sociedade Promotora de Instrução Terceirense e/ou a Liga Micaelense de Instrução destinavam-se, não só, a promover a alfabetização e escolarização das gentes insulares, mas comportavam uma intenção ideológica: criar uma “nova escola” gratuita, obrigatória e laica, onde fossem inculcados os novos ideais e valores republicanos. Estas instituições, apoiadas pela maçonaria, implementaram comissões de beneficência, caixas económicas escolares, cursos noturnos, bibliotecas, museus e missões escolares com vista à regeneração social ambicionada pelos republicanos. Estes novos ideais estabelecidos em torno da valorização da criança assumiram grande destaque não só no discurso oficial (ofícios, circulares, tomadas de conhecimento), mas também na imprensa, divulgados por grupos de intelectuais com ligação aos meios pedagógicos estrangeiros. A nova conceção pedagógica, conhecida como Educação Nova ou Escola Nova, ao contestar os métodos e práticas tradicionais de ensino, confrontou-se com uma sociedade conservadora e religiosa que ofereceu resistência à aplicação de algumas metodologias e práticas pedagógicas. No entanto, a propagação ideológica que foi sendo feita ao longo deste período e que culminou com a introdução de novas disciplinas no currículo escolar contribuiu para o surgimento de um novo conceito de escola.